Lisboa: Estabelecimento nas Docas põe clientes na rua expulsa deficientes.
Um grupo de pessoas com deficiência da Póvoa de Santa Iria foi obrigado a sair do bar Hawaii, na doca de Santo Amaro, em Lisboa, por alegada discriminação. O incidente ocorreu na madrugada do dia 12 e motivou intervenção policial. Os responsáveis do bar alegaram problemas técnicos para fechar o estabelecimento, mas este viria a reabrir pouco depois de o grupo sair. Só na presença da PSP é que o Livro de Reclamações foi apresentado.
O processo está nas mãos da Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE), estando os donos do bar sujeitos a coimas elevadas. De acordo com a legislação, quem vedar o acesso ou permanência a qualquer estabelecimento está sujeito a coimas entre os 500 e os cinco mil euros. Recusar apresentar o Livro de Reclamações é ainda mais grave. Neste caso, as coimas variam entre os 3500 e os trinta mil euros.
O grupo de 23 pessoas com deficiência ligeira (física e mental), todas adultas, integrava a colónia de férias da Cooperativa de Solidariedade Social Cercipóvoa, da Póvoa de Santa Iria. Maria João Aires, uma das monitoras que esteve no local, conta como tudo se passou.
O grupo chegou ao Hawaii por volta das 23h00 e durante cerca de uma hora divertiu-se, dançou e, segundo a monitora, “interagiu com os outros clientes”. Hora e meia depois um dos funcionários do estabelecimento informou Maria João Aires de que este iria fechar, devido a um problema técnico, convidando-os a pagar e a sair.
A monitora confessa ter achado estranho, pois os outros clientes não estariam a ser avisados do mesmo problema. Decidiu permanecer. Minutos depois é dada indicação de que o bar iria mesmo encerrar. O grupo sai, juntamente com os outros clientes, só que estes permanecem junto à porta, de copo na mão. “Disseram-me que iria fechar e já não voltaria a abrir, mas estavam a pedir aos outros para não se irem embora”, disse ao Correio da Manhã.
RECLAMAÇÃO DIFÍCIL
Maria João Aires decidiu mandar o grupo embora e esconder-se ali perto. O que viu chocou-a: “Automaticamente as portas abriram-se e o bar voltou a funcionar em pleno.” A monitora voltou a aproximar-se do bar para pedir o Livro de Reclamações, mas responderam-lhe que “nem sequer existia”, apesar de uma referência à sua existência na porta do estabelecimento.
Chamou então a PSP e foram os agentes da esquadra do Calvário que exigiram o Livro de Reclamações. Este foi novamente recusado pelo funcionário do Hawaii, argumentando que o bar não havia prestado qualquer tipo de serviço ao grupo. Maria João Aires não pensou duas vezes. Sacou do comprovativo da despesa e mostrou-o: 75 euros, relativos a 29 bebidas consumidas. Só nessa altura o livro surgiu.
“Foi como um balde de água fria”, diz Maria João, frisando que a maior parte dos utentes da Cercipóvoa nem sequer tem possibilidade de frequentar estabelecimentos do género com amigos e familiares.
No âmbito da colónia de férias, o mesmo grupo já foi ao cinema, teatro, praia e piscina. Maria João Aires
assegura que “não foram discriminados em mais nenhum local”.
Contactada pelo CM, a responsável do turno do dia do Hawaii escusou-se a comentar, remetendo qualquer esclarecimento para o encarregado do turno da noite, que não esteve disponível.
REGRAS E MULTAS
NORMAS
As regras do bar Hawaii estão afixadas à porta do estabelecimento, que abre às 12h00 e encerra às 04h00. O acesso só é vedado a quem não manifestar intenção de utilizar os serviços prestados, a quem se recuse a cumprir as normas de funcionamento privativas do bar e a quem entrar em áreas de acesso reservado.
QUEIXAS
Também à porta, o estabelecimento avisa que o Hawaii dispõe de Livro de Reclamações. Está escrito em português, inglês e francês.
COIMAS
A recusa em apresentar o Livro de Reclamações é punida com um máximo de 30 mil euros.
FISCALIZAÇÃO
A Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) é a entidade competente para fiscalizar os estabelecimento de restauração e bebidas.
SAIBA MAIS
1996 é o ano em que foi instituído o Livro de Reclamações em Portugal. A sua existência passou a ser obrigatória nos locais de atendimento público a partir de 1 de Janeiro de 1997.
128 mil queixas foram registadas no último ano e meio. A restauração e o comércio são os sectores de actividade que mais reclamações suscitam.
CONSTITUIÇÃO
Os portadores de deficiência física ou mental têm direitos e deveres previstos constitucionalmente.
DIREITOS
De acordo com a Carta dos Direitos do Cidadão, as pessoas portadoras de deficiência mental não podem ser rejeitadas, marginalizadas ou retiradas do convívio da família ou da sociedade.
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=251666
Manuela Guerreiro
Blog para identificar a dificuldade da pessoa com mobilidade reduzida no concelho de Santa Maria da Feira nas 31 freguesias: Argoncilhe, Arrifana, Caldas de São Jorge, Canedo, Escapães, Espargo, Fiães, Fornos, Gião, Guizande, Lobão, Louredo, Lourosa, Milheirós de Poiares, Mosteirô, Mozelos, Nogueira da Regedoura, Paços de Brandão, Pigeiros, Rio Meão, Romariz, Sanfins, Sanguedo, SªMªda Feira, SªMªde Lamas, São João de Ver, São Miguel do Souto, Sampaio de Oleiros, Travanca, Vale e Vila Maior.
2 comentários:
Fiquei muito triste ao ver como o parque Hopi Hari (que se intitula o país da alegria) trata pessoas portadoras de necessidades especiais. Dia 23/02/2009 segunda - feira, presenciei uma cena horrível, funcionarios do parque obrigaram uma criança deificiente a ser medida, para isso a criança teve que ser retirada do carrinho, porém com o corpo debilitado parecia sentir dores, o que trouxe grande desespero para os pais do menino, tudo isso para ver se a criança tinha menos de 1 metro ,e se deveria pagar ou não!!!um absurdo!! cobrar ingressos de pessoas que são impossibilitadas de participar da grande maioria dos brinquedos. Para mim esse é um caso clássico de desrespeito ao Princípio Constitucional da Dignidade Humana e não pode ser tolerado por ninguém.
danilo
Fiquei muito triste ao ver como o parque Hopi Hari (que se intitula o país da alegria) trata pessoas portadoras de necessidades especiais. Dia 23/02/2009 segunda - feira, presenciei uma cena horrível, funcionarios do parque obrigaram uma criança deificiente a ser medida, para isso a criança teve que ser retirada do carrinho, porém com o corpo debilitado parecia sentir dores, o que trouxe grande desespero para os pais do menino, tudo isso para ver se a criança tinha menos de 1 metro ,e se deveria pagar ou não!!!um absurdo!! cobrar ingressos de pessoas que são impossibilitadas de participar da grande maioria dos brinquedos. Para mim esse é um caso clássico de desrespeito ao Princípio Constitucional da Dignidade Humana e não pode ser tolerado por ninguém.
danilo
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